O Brasil é um país marcado por uma profunda diversidade familiar, e as mães solo representam uma parte expressiva dessa diversidade.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, havia aproximadamente 11,3 milhões de lares chefiados por mães solo no Brasil, um aumento de 17,8% em relação a 2012 (Jus Navigandi).
Esse aumento não é apenas numérico, mas também reflete mudanças sociais mais amplas, incluindo o crescente empoderamento feminino e a diversificação dos arranjos familiares.
As mães solo no Brasil geralmente assumem a responsabilidade pela criação de seus filhos sem a presença ou apoio financeiro do pai. Essa realidade é mais comum entre as mulheres negras, que constituem a maioria das mães solo no país.
Além disso, muitas dessas mulheres enfrentam condições econômicas precárias, o que exacerba os desafios de criar filhos sozinhas.
Os dados revelam que essas mulheres frequentemente têm menos acesso à educação e, consequentemente, menos oportunidades no mercado de trabalho.
A maioria das mães solo no Brasil não completou o ensino médio, e muitas tiveram seus primeiros filhos ainda na adolescência, o que limita suas perspectivas de crescimento profissional e estabilidade financeira a longo prazo(Blog do IBRE).
Um dos principais desafios enfrentados pelas mães solo no Brasil é a baixa participação no mercado de trabalho.
Em 2022, cerca de 29,4% das mães solo estavam fora da força de trabalho, ou seja, não estavam empregadas nem procurando emprego. Esse número sobe para 32,4% entre as mães com filhos pequenos (até cinco anos).
Além disso, 7,2% das mães solo estavam desempregadas, sendo que essa taxa chega a 10% no caso das mães com filhos pequenos (Blog do IBRE).
A situação é ainda mais desafiadora para as mães solo negras, que enfrentam maiores dificuldades para ingressar e se manter no mercado de trabalho. Em comparação com as mães brancas, as mães solo negras têm taxas mais altas de desemprego e ganham, em média, salários mais baixos.
Essa disparidade racial no mercado de trabalho reflete as desigualdades estruturais presentes na sociedade brasileira.
Outro aspecto crítico é a precariedade das ocupações disponíveis para as mães solo.
Muitas delas acabam trabalhando na informalidade, onde não têm acesso a direitos trabalhistas básicos, como licença maternidade, férias remuneradas e previdência social.
Em 2022, aproximadamente 45% das mães solo que estavam empregadas trabalhavam na informalidade (Blog do IBRE). Esse cenário torna suas vidas ainda mais instáveis, já que a falta de segurança no emprego significa que qualquer imprevisto pode ter consequências devastadoras para suas famílias.
Além da informalidade, as mães solo também estão sub-representadas em cargos de maior qualificação e remuneração. Isso ocorre porque muitas delas não têm a formação educacional necessária para ocupar tais posições, em parte devido à necessidade de começar a trabalhar cedo para sustentar seus filhos.
A sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados com os filhos também limita as oportunidades dessas mulheres de se qualificar e buscar melhores empregos (IBGE).
A diferença salarial entre mães solo e outros grupos é um reflexo direto das desigualdades de gênero e raça no Brasil.
As mães solo ganham, em média, salários significativamente menores do que os homens casados com filhos e as mulheres casadas com filhos. Em 2022, o rendimento médio das mães solo foi 39% inferior ao dos homens casados com filhos e 20% menor do que o das mulheres casadas com filhos.
Quando se considera a raça, a disparidade torna-se ainda mais evidente: o rendimento médio das mães solo negras foi de R$ 1.685, enquanto o das mães solo brancas foi de R$ 2.772(Blog do IBRE, IBGE).
Essa diferença salarial é resultado de múltiplos fatores, incluindo a discriminação no local de trabalho, a concentração dessas mulheres em setores menos remunerados e a falta de políticas que promovam a equidade salarial.
Além disso, a falta de acesso a creches e outros serviços de apoio significa que muitas mães solo precisam aceitar empregos de meio período ou com horários flexíveis, que tendem a pagar menos.
As dificuldades enfrentadas pelas mães solo no mercado de trabalho têm consequências profundas para suas vidas e para as de seus filhos.
A pobreza entre as mães solo é um problema grave no Brasil. Segundo estudos, as famílias chefiadas por mães solo estão mais propensas a viver na pobreza do que aquelas chefiadas por homens ou casais.
Essa realidade é especialmente dura para as mães solo negras, que enfrentam as interseções da desigualdade de gênero e raça (Jus Navigandi).
A falta de oportunidades econômicas limita o acesso dessas mulheres a moradias adequadas, educação de qualidade para seus filhos e cuidados de saúde.
As crianças criadas em lares de mães solo têm menos acesso a recursos que poderiam melhorar suas chances de sucesso futuro, perpetuando o ciclo de pobreza e desigualdade.
Além disso, a ausência de uma rede de apoio, tanto social quanto estatal, agrava a vulnerabilidade dessas famílias.
O compartilhamento de informações e experiências nos posiciona um passo a frente de possíveis mudanças.